MISSÕES

 

O   Brasil,
     Campo e Celeiro Missionário

        Há muito que o Brasil já não é mais considerado no plano missionário mundial como um campo missionário, mas o novo discurso é que o Brasil se tornou um Celeiro Missionário. 

        Na verdade, olhando firmemente, o que o Brasil conseguiu foi a curiosa façanha de ser campo e celeiro missionário ao mesmo tempo. Isso é uma realidade pós-moderna e faz parte de nossa vocação nacional.

       Vamos mostrar um pouco do quadro missionário brasileiro e também da CIBI, o que favorece e o que dificulta a evangelização no Brasil e pelos brasileiros.

        O que contribui para este conceito é a observação de que o Brasil recebeu muitos missionários até a década de 90, quando começou a reverter o quadro e passou a enviar missionários para o resto do mundo, especialmente para os povos não alcançados.

        Observando-se os dados estatísticos oferecidos pelo setor de pesquisa da SEPAL, a população evangélica em 1980 não ultrapassava 7% no Brasil e cresceu maravilhosamente ultrapassando a cifra de 20% no ano 2000 (A fonte da SEPAL foi o IBGE).

        Se a igreja brasileira cresceu em número de forma tão significativa, melhor ainda foi a constatação do aumento no envio de missionários para o Exterior. O Brasil, em 1989, tinha registrado 880 missionários trabalhando no exterior, porém em 2002 alcançou o excelente número de 2.802 missionários enviados.

        Esse crescimento significativo colocou o Brasil na pauta das discussões nas antigas potências missionárias, colocando-o na vanguarda da evangelização mundial. Além do fator numérico, outros critérios foram observados nesta avaliação dosi avanço missionário brasileiro.

        Olhando para os recursos financeiros o Brasil está longe de ser considerado uma potência missionária. Igualmente, apesar dos cerca de 35 milhões de evangélicos devemos computar 150 milhões de brasileiros como "campo de missões". Há muito o que se fazer aqui dentro e não podemos fazer como fez Europa e América nas missões, que olharam para o mundo distante e pobre e esqueceram de guarnecer seu próprio arraial, figurando, por isso, como campo de missões mundiais. Dia a dia recebo mensagens desafiadoras de várias partes da Europa, pedindo obreiros.

        O curioso é que todos sabem que a Igreja Brasileira não tem cacife sufiente para manter missionários na Europa na proporção de sua necessidade, e como ainda é considerada uma potência missionária?

 

        Na verdade o correto é dizer que O Brasil tem um grande potencial para fazer missões no mundo, havendo as parcerias adequadas. É inegável que o Brasil reúne os maiores recursos técnicos para o cumprimento da sagrada missão de evangelizar o mundo. Á política externa desenvolvida pelo Brasil é um fator que abre portas na maioria dos países, mesmo os que parecem mais "fechados" à evangelização. Além disso o povo brasileiro é pacífico, amigável, evangelista por natureza, facilmente adaptável a qualquer situação de vida, tem amor pelos perdidos e trabalha com baixo custo de manutenção. Alie-se a esta condição a seriedade bíblica, a boa  disponibilidade de formação teológica e o aumento considerável das agências missionárias que se dedicam não apenas à captação de recursos, mas primordialmente ao treinamento especializado  ao vocacionado, o acervo de pesquisa missiológica e as parcerias internacionais.

        Os Caminhos da Mudança de Status

        O que fez com que o Brasil adquirisse esse novo conceito missiológico de potencia missionária? Como foi que o Brasil mudou seu status de país recebedor de missionários para enviador? A que se deve o alto número de conversões e consequente aumento do número de agências missionárias e obreiros enviados?

    Certamente devemos alistar alguns fatores que merecem consideração especial:

    Primeiramente é inegável que a igreja brasileira tem hoje uma melhor compreensão das Escrituras Sagradas e do plano salvador de Deus para a humanidade.

    Em segundo lugar devemos creditar o avanço missionário a um conceito claro de missões. Vivemos muito tempo considerando missionários apenas aqueles que chegavam da Europa e América com potencial financeiro para ajudar os pobres. Para nós missionário deveria ter olho azul, dinheiro para ajudar a igreja e apoiar evangelistas locais e fazer distribuição de alimentos (triguinho que chegava de navio) e roupas usadas para os pobres. Criavam projetos sociais e algumas igrejas e eram considerados como anjos de bondade. Fizeram muito, mas demorou demasiadamente para que fosse observado o potencial autóctone para a evangelização. Quando o Brasil compreendeu que missão é IDE e não VINDE, começou o grande processo de mudança.

    O terceiro fator que contribuiu para este despertar missionário foi a consciência do tamanho do desafio da evangelização mundial. Devemos muito para a SEPAL, uma organização que se dedicou a coletar informações e a publicá-las, enfrentando todas as dificuldades do passado com a produção de material em tempo hábil. Além da dificuldade técnica na apresentação de dados informativos enfrentava um problema de julgamento, pois as lideranças não gostavam muito de números. Achavam os números frios, pouco espirituais. Aos poucos o conceito foi mudando, e, ao compreendermos as necessidades além fronteiras, o baixo índice de evangelização especialmente na Ásia e Oriente Médio e na América Latina Católica, começou um mover de Deus, levando o povo a orar, a realizar congressos e lançar desafios, os quais deram seus frutos no tempo certo.

    Mas um fator especial, acima de todos os ítens supra mencionados, há que se destacar o desejo do crente em obedecer o mandamento de Jesus de ir às nações, conforme o texto da grande comissão de Mateus 28.